terça-feira, 29 de setembro de 2009

Oito Anos - Adriana Calcanhoto (Dunga / Paula Toller)

Por que você é Flamengo
E meu pai Botafogo
O que significa
"Impávido colosso"?

Por que os ossos doem
enquanto a gente dorme
Por que os dentes caem
Por onde os filhos saem

Por que os dedos murcham
quando estou no banho
Por que as ruas enchem
quando está chovendo

Quanto é mil trilhões
vezes infinito
Quem é Jesus Cristo
Onde estão meus primos

Well, well, well
Gabriel...

Por que o fogo queima
Por que a lua é branca
Por que a terra roda
Por que deitar agora

Por que as cobras matam
Por que o vidro embaça
Por que você se pinta
Por que o tempo passa

Por que que a gente espirra
Por que as unhas crescem
Por que o sangue corre
Por que que a gente morre

Do que é feita a nuvem
Do que é feita a neve
Como é que se escreve
Reveillon

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Sobre o nada que vem e vai

Quem procura sempre acha e eu sou expert em achar coisas que não quero encontrar. Se eu não quero encontrar, não deveria procurar, mas....é claro que não é isso que eu faço. Eu procuro e acho. Depois não gosto. Não que eu não goste, mas eu ficaria melhor se não tivesse achado. Então, por que eu procurei? Simples, porque eu não tinha nada melhor pra fazer na hora. E pronto. Aí fico triste por cinco minutos, lembrando de todas as paixões de 30 segundos que nunca foram pra frente e por isso mesmo eu fico olhando pra trás. Se tivesse algo melhor agora, eu não olharia, afinal de contas não sou masoquista e quem vive de passado é museu – ou então quem não percebe o presente interessante e não visualiza um futuro muito diferente.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Dois contos de fadas para mulheres do séc. 21

Era uma vez uma linda moça que perguntou a um lindo rapaz:
- Você quer casar comigo?
Ele respondeu:
- NÃO!
E a moça viveu feliz para sempre, foi viajar, fez compras, conheceu muitos outros rapazes, visitou muitos lugares, foi morar na praia, comprou outro carro, mobiliou sua casa, sempre estava sorrindo e de bom humor, nunca lhe faltava nada, bebia cerveja com as amigas sempre que estava com vontade e ninguém mandava nela. O rapaz ficou barrigudo, careca, a bunda murchou, ficou sozinho e pobre, pois não se constrói nada sem uma MULHER.

FIM!!!

(Luís Fernando Veríssimo)


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Era uma vez, numa terra muito distante, uma linda princesa independente e cheia de auto-estima que, enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo estava de acordo com as conformidades ecológicas, se deparou com uma rã. Então, a rã pulou para o seu colo e disse: - Linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito. Mas uma bruxa má lançou-me um encanto e eu transformei-me nesta rã asquerosa. Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir um lar feliz no teu lindo castelo. A minha mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavarias as minhas roupas, criarias os nossos filhos e viveríamos felizes para sempre... E então, naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã à sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria e pensava: - Nem fo-den-doooo!

FIM!!!

Luís Fernando Veríssimo)

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Pequenos rituais

Não preciso de muita coisa pra ser feliz. Apesar de eu gostar de ter muitas coisas que ainda não tenho, alguns pequenos rituais da minha rotina causam imenso prazer. Gosto de chegar em casa depois do trabalho, passar um café quentinho e assistir a temporada velha de House na TV. Agora tenho um hábito que me agrada em demasia. Todas as quartas, faço aula de dança. Desde que descobri o espetinho que fica na mesma rua, minha vida se transformou. Com ou sem companhia, é lá que eu paro todas as quartas antes da aula para comer. Sento sozinha na mesa, cumprimento os garçons – que a essa altura do campeonato já estão virando meus amigos de infância – e peço uma long neck, um espetinho de alcatra, um de mussarela e um doce para arrematar. Que delícia! Sentada ali, conversando com meu próprio cérebro, resolvo problemas, tomos decisões, lembro de coisas gostosas do passado e pronto. Coisa de 20 minutos e me levanto para ir pra aula – que obviamente é executada com muito mais facilidade com a leveza do lúpulo e da cevada no meu sangue. Todos os movimentos peristálticos parecem coisa de criança (criança superdotada e habilidosa, porque dança do ventre é difícil de qualquer jeito). E assim, encerro minha quarta-feira. Chego em casa morta de cansaço, tomo um banho gostoso e vou pra cama. Adoro essa rotina!